8.7.09

Wide Awake

Insónia Criativa


"WIDE AWAKE é a digressão pessoal do realizador Alan Berliner através da sua obsessão com a insónia. Bem ao estilo dos seus aclamados documentários, Berliner usa-se a si mesmo, como um laboratório – desta vez para confrontar a angústia da sua falta de sono, e a benesse do tempo extra de que, por causa disso, a sua vida criativa dispõe. (...)

WIDE AWAKE leva-nos através dessa exaustiva e profunda reflexão em torno do sono e acaba por se transformar num extraordinário relato do processo criativo e no que acontece quando fechamos os olhos…"
Descrição no site da rtp.


Um documentário brilhante que acabei de ver por volta das 2 da manhã e me fez definitivamente reflectir sobre a importância do sono nas nossas vidas. É um documentário com o qual nos identificamos, quer soframos ou não de insónias, pois encontramos uma certa empatia com o autor do documentário, que quase nos confidencia os prazeres e os sofrimentos de ter uma disordem de sono. Berliner é um homem muito activo, que embora cansado durante o dia, não consegue adormecer á noite e dessa forma aproveita esse tempo útil na realização de várias tarefas, geralmente de carácter criativo. Ganhou o prémio para director vencedor. Este documentário é simplesmente inovador porque nos oferece a possibilidade de conheçer Alan Berliner, bem como as diferentes experiências e respostas que consegue articular no filme, numa edição magnifica que junta belas imagens da cidade, entrevistas a médicos, dilemas pessoais, reuniões familiares e as consequências que surgem disso. Oferece-nos as bases de compreensão para um problema que se torna cada mais alarmante e que atinge todos os estratos sociais.
Vemos algo interessante, que seriam os out-takes de um filme/documentário normal, onde Alan tem surtos de mau humor provocados pelo condicionamento e falta de sono, que são descarregados na sua equipa de filmagem. Ele mantém um postura natural, e sim... filma algumas das cenas vestido com uma t-shirt aparentemente velha e de cuecas. Não existe uma postura constantemente formal perante a camera... mas sim, e como já tinha referido, a naturalidade das suas filmagens onde a exaustão transparece na sua cara. E achei peculiar um dos momentos em que ele tomou o seu primeiro café em mais de 31 anos. Ele relata a entrada do café na sua corrente sanguínea de forma bastante interessante, quase como se fosse uma substância estranha ao seu corpo (e no fundo até era, depois de tanto tempo). Alan deixou de tomar café porque, dormindo tão pouco como dormia, a caféina no seu sangue fazia com que segundo ele "estivesse acordado durante 2 dias"! Mas ele tomou o café, e vemos quase de imadiato a mudança nele: olhos mais abertos, como ele os descrevia, a vivacidade e rapidez com que depois de tomado o café se levantou da cadeira onde estava, para começar a descrever a um ritmo impressionante os muitos filmes, fotografias, sons e objectos que guardou e ainda guarda durante anos. Onde muitos dos seus conteúdos, que estavam naquelas caixas organizadas alfabeticamente e por cores, representam verdadeiros tesouros históricos pela quantidade de anos que têm.
Alan demonstra-nos que sabe que tem de mudar os seus hábitos nocturnos para agradar também á sua mulher, contudo mais tarde no documentário, Alan diz: "Ás vezes... parece que sou viciado em estar acordado" monstrando que não quer realmente que a insónia desapareça. E é por isso que é tão interessante, o documentário deixa-nos mais esclarecidos em relação a eventuais dúvidas que tenhamos sobre insónias, mas deixa-nos a pensar se Alan realmente procurou ajuda médica para tratar as suas constante insónias. E como sofre na pele todos os dias, os efeitos negativos de uma disordem de sono, tenta que o seu filho durma muito. E sabem que mais? É nessa altura que Alan se sente realmente descansado, ao ver que o seu filho dorme profunda e alegremente. E creio que até chega realmente a adormeçer no sofá, ou pelo menos a descansar mais, com o seu filho recem-nascido ao colo, tal é a tranquilidade com que se deleita a ver o pequeno descansando. Ainda assim e apesar de continuar a ficar acordado durante a noite, faz um esforço para acompanhar o horário madrugador do filho. No fim, diz que vai tentar mudar o seu estilo de vida e dormir mais.

Um documentário magnífico!

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