20.4.10

Ziguezagues Kármicos

Balançante, ebrioso... boémio por uma noite. Cabeça leve, pés pesados, caminha balbuciante num ritmo de espantar. Três passos avançados para dois recuados. E assim vai “andando”. É nos recuos que olha os céus que sem as luzes da cidade seriam bem mais estrelados. E olha profundamente, a querer encontrar algo. Olha até ao traseiro do universo. Vocifera bem alto, palavras terminadas em “alho” e "ão". Atirando injúrias ao céu, que julga não o compreender. Se não se endireita rapidamente, terá um encontro de primeiro grau com as pedras da calçada e será uma experiência tão terrena que ficará com uma cicatriz marcada de recordação. Por isso pára! Larga o copo!... nem mais um trago desse inferno gelado que apelidas de néctar. E encosta-te a uma parede para que não percas o equilíbrio. Olha as estrelas, fita-lhes os olhos. Essas a que gritaste anteriormente num embebido acesso de loucura. Enfrenta-as sem rapidez, se assim o preferires. Olha-as na cara! Não temas… Mas não te iludas. Por cada estrela que vez, uma quer-te bem e outra mal te fez, porque assim o permitiste por triste afinidade de pensamento. Vomita esse karma fatalista e bochecha de seguida com água. Nunca é tarde demais. Sê o herói na história da vida que realmente mereceste, nem que hercúleas façanhas se te deparem. Garanto-te, não serás esquecido. Tens vomitado na camisa, aí, ao pé dos botões. Não a laves, pendura-a no armário para que te sirva de lembrança. Aconselho-te que tomes o caminho certeiro e creio que esse meu caro... está no meio desses ziguezagues que desenhas.

1 comentário:

cat disse...

acho que lhe devias mostrar isto