21.5.10

Escritofonia

O êxtase depois da epifania. Palavras que vagueiam soltas na mente. Pontapeiam numa de garantirem que ainda vivem. Pulsam. Faço um esforço para as conseguir unir numa rede com sentido. Palavras que me gritam de mansinho ao ouvido, pedindo para serem soltas. Não pedem, exigem! Têm vontade própria e trazem a paz ou a desgraça. A compreensão ou a falta dela. São meus os pensamentos?   Oiço as correntes quebrarem lentamente a cada movimento fluído de uma mão que delínea no caderno, a tinta que trará o repouso. A liberdade é mútua e contrói-se lado a lado. Suspiram de alívio. Gritos que se tornam palavras. Palavras que se tornam gritos. Doce ambiguidade. Letras em gestação. Nasce a escritofonia.

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