27.7.10

Todos diferentes, todos iguais #2 ou De heterodoxia a ortodoxia (a ironia)

O frasco com auto-fluxo de Robert Boyle

Em relação ao post anterior, refiro-me obviamente àquelas pessoas que criticam nas horas vagas, depreciativa e constantemente algo ou alguém  que esteja na moda. Sentem conforto na semelhança de opiniões baseadas no ódio. Concordam todos muito uns com os outros. E odeiam... às vezes não por inveja mas simplesmente porque todos o fazem, e se não agirem conforme esperado, correm o risco de serem postos à margem por não irem na corrente do rio. Não ousam proferir uma opinião diferente da dos amigos, com medo de serem catalogados como iguais. Como os "outros". Ou talvez a neutralidade os assuste e sintam a necessidade do extremismo dos pólos. Criticam por vezes quem nunca ouviram (em relação à música) ou inclusive quem gosta da moda em questão, não respeitando claramente o direito de opinião. Estão na liberdade da crítica adulta e bem fundamentada depois de conhecimento de causa. Mas elevar a fasquia e partir para o ódio pessoal (como já tantas vezes tive a infeliz oportunidade de assistir) quando não existiu a chance mais remota de conhecerem o humano em questão, é algo ainda mais extraordinário e que custa muitos neurónios desta minha cabecinha a tentar compreender.  Isto é tema para meter filosofia, psicologia e sociologia aqui no meio (coisa que não vou tentar).  Odeiam porque querem ser iguais àqueles que querem ser diferentes odiando os que julgam serem iguais. É uma estranha forma de busca pela individualidade, no fundo. Será que não percebem que fazem também parte de uma outra moda que características tão veementemente rebaixam? A diferença que proclamam, sem se aperceberem, de forma exacerbada e incoerente, é no fundo medo dual da igualdade e da diferença e também causa do sentimento de comunhão destes "grupos temporários de ódio". O paradoxo está talvez na forma como a heterodoxia pretende ser alcançada. "Abaixo os grandes porque nós somos pequenos." pensam por impulso. Só por curiosidade, que achariam eles se a sua (anterior heterodoxia) ortodoxia e status quo que defendem a unhas e dentes, e de que opinião e estilo tanto se orgulham de possuir enquanto suposta minoria, se tornasse geral? Perceberiam então a enorme contradição em que estiveram absortos?

Sem comentários: