14.8.10

O nascimento da morte

Atravessaram a escuridão por entre as árvores sem nome. Olharam para cima. Recordaram em angústia a luz que já não brilha lá no alto do prédio. No 6º andar. Naquele 6º andar. "Quem diria que ao fim de tantos anos..." Pausa reflexiva. "Enfim... tudo se transforma" disse ele em auto-convencimento de algo que não conseguiu definir. Num aceno de cabeça e um gemido abafado o outro assentiu, reforçando inconscientemente a dramaticidade do momento. Em noites de lua nova tudo em que reparam é no quão mais escuras são as sombras que a própria noite. Se é a escuridão sentida que entorpece e ofusca a luz que não vêem (não se permitem a ver), a morte que não existe são eles que a criam.  

Sem comentários: