Naquele exacto momento foi a lembrança do conforto e segurança do ventre de sua mãe que o fizeram repensar. Renascer passou a ser a palavra de ordem e o desejo mais febril que alguma vez dele se apoderou. O calor, os sons abafados pela camadinha de pele protectora, as sensações que trespassam o líquido amniótico como electricidade em água. Quer o retorno. A sincronia dos corações que batem como um. Tudo isto era agora necessário. Respirou. Acalmou-se. Mais tarde, teve a certeza de que a mudança era a necessidade real.
Querer de novo a infância não tem sempre que ver com a vontade de brincar livremente, de não ter muitas preocupações ou de ter de novo alguém que nos beije a ferida no joelho... por vezes, a nostalgia da infância surge na realização de uma dose de "dormência" que caracterizava os nossos verdes anos. Queremo-la de volta. O crescimento implica em si, despertar. Não é o desejo de apatia, mas antes a recusa à realidade. A uma realidade. É o não querer acordar de um sonho que tem em si a potência de ser tão belo. Eternamente belo. Até cansar.
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