28.2.11

O culto da fuga #6

Na impossibilidade de concretização, entrar na repetição de pensamentos e movimentos é ter esgotado a criatividade do remendo, que desde sempre soube ser insuficiente. A passagem dos dias torna a necessidade de fugir numa doença para a qual não estou, nem quero estar habilitado a sedar. Embora recorra por vezes à anestesia para um descanso temporário e prazer em tempos de crise. Sempre me preocupou que este desejo tenha surgido por raiva, essa etapa de um luto que não quis fazer. O luto de uma necessidade mascarada de vontade ingénua. A introspecção dá-me a satisfação de saber não ser esse o real motivo. Quero lá saber que pensem que é fraqueza de luta, quando sei perfeitamente que é de luta que estou farto. Se agora dou luta, é pelo direito dela poder desistir e de cair na desgraça da minha escolha. Mas se isto significar o começo de outra pela qual valha realmente o esforço, então que seja, porque como vou, não vou nada bem.

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