3.4.11

O culto da fuga #9

Prepara o sono o sol além monte, toma o céu um laranja vivo e as árvores uma negrura crescente. Ritual que acompanho à triste distância da impossibilidade de me deixar absorver na atmosfera circundante. Passa rápido o quadro. Como será viver a simbiose com a Natureza? Deitar-me no seu chão imperfeito, nas costas do mundo sulcadas por ninguém e demorar o olhar no movimento hipnótico das folhas. Saborear o ambiente sem ideia de retorno. Vaguear de sentidos finalmente alerta, depois de uma dose de adormecimento geral que só a cidade pede para que lhe sobrevivamos. Reclinado num tronco, sorver a não existência de qualquer pingo de civilização e deixar correr em mim a inspiração de uma paisagem arrebatadora. Reconhecer as dádivas de trazer comigo uma nova forma de pensar.

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