25.6.11

O culto da fuga #20

Junto à entrada da casa onde vivo o retiro, está uma oliveira datada de há pelo menos trezentos anos. Tem a presença notória de um ancião de barba branca, uma sabedoria implícita no silêncio inevitável e uma respeitável teimosia de quem parece ter fintado a morte. A rasgar o tronco verde-escuro surgem uns ramos de tez pálida que atiram as folhas para lá da altura do telhado. Á superfície, um musgo esponjoso apenas perceptível a curta distância, cobre a árvore, dando-lhe ainda assim uma aparência sólida. 
A seu lado sinto-me um estranho que quer pela regularidade das visitas, largar com fervor secreto as amarras de tal definição. Temos tempo.