14.7.09

Convenções Sociais

Somos «animais políticos» já dizia Aristóteles. Temos uma necessidade natural de nos organizarmos e de criar regras que estabeleçam leis, do que se pode ou não fazer. Estamos envoltos numa sociedade de informações, uma sociedade que nos rejeita ou aceita, de direitos e obrigações, de tristezas e alegrias... e por isso estas características estão intimamente ligadas á forma como agimos, actuamos... comportamos! Mas não falo de regras "essenciais" para uma sociedade em harmonia. Falo de uma outra classe de regras, que nos foi apresentada sem nunca estar escrita nos papeis da lei. Uma espécie de regras de etiqueta mas fora dos jantares. E para mim algumas dessas ditas regras estão na origem destes novos problemas comportamentais como por exemplo a excessiva preocupação com a aparência, que muitas vezes resulta ou no comer desenfreado como forma de controlar as emoções, ou na anorexia/bulimia... Mas neste momento não quero falar da aparência.... ou melhor é aparência, mas é como que a aparência dos nossos comportamentos. Algo que parece que nos limita a liberdade. Inconscientemente temos certos comportamentos para "parecer bem" á sociedade que nos rodeia. É algo que acontece tão frequentemente que estamos como que anestesiados para a pressão que sentimos diariamente para ter uma "boa aparência". Contemos uma gargalhada por medo de parecermos excessivos, verificamos constantemente o nosso reflexo num espelho com medo de um cabelo ter saído da linha a que achamos que esse deve pertencer, alguns sujeitam-se a dietas rigorosas que prometem um resolução rápida na perda de peso, para poderem ter um corpo esculpido a mármore, sem "imperfeições". Ora isto é algo que já existe (mas de forma diferente ao longo dos tempos) desde os primórdios daquilo que conhecemos como sociedade. Somos um animal que necessita tal como tantos outros de viver em comunidade, e creio que é por isso que procuramos tanto incluirmo-nos na sociedade, evitando a exclusão. E com isto tudo não digo que não se deva procurar o bom aspecto físico, mas o que está a acontecer agora é que existe a sobrevalorização do mesmo, que depois origina comportamentos destrutivos, como o exemplo das dietas relâmpago. Se queremos ter boa saúde, esta não deve ser só no Verão, deve ser mantida como uma alimentação saúdavel, e não como uma dieta. A busca pelo rápido, o instantâneo, o fugaz dá origem ao exagero. Cada corpo é um corpo. Com características próprias, que devemos aprender a aceitar e gostar. No fundo é a fuga á monotonia dos corpos clones que figuram nos cartazes. O stress do dia-a-dia, o esforço, a falta de tempo, tudo contribui para que pouca atenção ao corpo seja dada. Uma ruga aqui, uma gordura (ou a falta) ali... para quê a martirização constante para parecer um modelo de revista? É o tipo de poder que este e outros comportamentos tomam na sociedade. (Acabei por falar da aparência...)
Mas gostava de ver uma sociedade que não condenasse tanto, certo tipo de comportamentos (os comportamentos que não prejudiquem ninguém). Quero ter 60 anos e continuar a subir a árvores como fazia quando era mais pequeno, baixar-me e olhar por pura curiosidade para o carreiro de formigas que atravessa o passeio, quando e onde me apetecer, sem ser tomado como louco.
Mas espera? Existe algo que proíba isso?
Claro que não. E se formos tomados como loucos? Que interessa?

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