13.7.09

Noites de Reflexão

Escrevo isto há 1:40 da manhã. Naquele documentário da RTP2, o "Wide Wake", encontrei os adjectivos para classificar algo que já sabia há muito tempo. Não sofro de insónias como o tipo do documentário, mas ainda assim e apesar de algum sono, gosto de ficar acordado a saborear a noite. Adoro o dia, a claridade, o amanhecer, as aves a voar alegres, o Sol, o verde, mas... a noite também tem o seu encanto. A serenidade. Consigo ouvir cada som distintamente que parece perturbar o silêncio da noite. Vejo o esforço que as luzes fazem para aclarar a penumbra. Frentes de prédios iluminados por uma ou duas janelas ainda com luzes acesas. Duas da manhã. Não vejo a lua porque está coberta de nuvens... mas não preciso. Recordo-me bem da bela lua cheia que vi no outro dia. Oiço uma rola cantar. Cheiro a frescura de uma brisa que abana o cortinado. Oiço um camião da limpeza que se dirige barulhento, enquanto humedece o chão com água. Levanto-me da cadeira, para ver o que se passa e vejo os tipos encarregues da limpeza da rua. Um deles acaba de pousar uma garrafa pequena de cerveja, enquanto espalha um arroto que ecoa na noite. Rio-me. Sonho acordado que voo por entre os prédios. Liberdade. Liberdade de poder esticar os braços e voar sem ninguém ver. Em substituição espreguiço-me o mais que posso e vou-me deitar porque tenho de me levantar cedo. Parece que vai ser mais um dia em que beberei cafés como quem bebe água (pronto também não são assim tantos, é só uma expressão).

São 3 da manhã.
Tenho sono... mas sinto-me em paz.
Foto de: Leonid Tishkov e Boris Bendikov

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