26.9.10

Mundos

"Espanta-me que para alguém tão novo, vejas já o mundo de forma tão negra." disseram-me uma vez em contexto de escrita.

Não se pasme. Não se trata de uma forma de ver o mundo, mas sim de uma forma de escrita baseada na memória, um qualquer revivalismo de sentimentos pretéritos. Talvez os vá escrever durante muito tempo, por ir encontrando formas de expressão e dores nunca antes visitadas. Escrever agora sobre um passado menos bom pode ser a tão aguardada catarse da repressão e/ou uma estranha renúncia ao esquecimento por prevenção emocional. Um erro crasso na segunda hipótese, pois quantas vezes mudamos ou nos mudam a forma de ver o mundo? Por isso nunca sofremos da mesma maneira. Mas a ilusão traz conforto. Escrever sobre o passado não altera o que o futuro nos tem reservado, nem é essa a minha intenção, por isso, porque escrevo eu sobre coisas que me são ou foram menos aprazíveis? Não sei, mas sabe-me bem a utilidade e as lições que delas retiro, além de que por comparação, o mundo é agora um sítio mais belo.

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