26.10.10

Porta

Na forma das sombras e na sombra das formas vou no encalço de algo que não alcanço. A jornada não é épica, antes trágica. Com fim anunciado antes mesmo do começo, dissipam-se os contornos na escuridão que volve e revolve. A discrepância da essência confunde a minha alma, que vagueia na multidão de vozes que se fazem ouvir. Impossíveis de ignorar. É chama fresca que me toca para o êxtase no sono roubado. Num pensamento que não adivinho meu, já outro canta algures a distância que pede atenção. A solidão proclamada numa voz abafada pelo ruído da multidão. Em harmonia do desespero, rivalizam na ostentação de dores e gritam a confusão das palavras incompreensíveis na ânsia de auxílio que derramam em quem oiça. Adormeço então.

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