10.1.11

A universalidade do sentimento

Já dizia Tolstói: "se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia." De certo que não quero soar egocêntrico nos textos que aqui publico, a questão é que me é quase inevitável neste momento não dar um propósito mais útil a determinada tristeza que de vez a vez me assola, do que escrever, sendo este o meu escape. Repudia-me também, a ideia de poder soar autocomiserador, porque não é de todo o meu intuito, e não estou constantemente num estado depressivo embora certos textos pareçam sugeri-lo. A ideia é a de que, na exploração da percepção individual de determinado sentimento se consiga partir para a colectividade, e se eu já gozei algum prazer em livrar-me de palavras que me atavam a garganta, então que alguém encontre alguma paz por se ter achado compreendido no que foi escrito, ou não, e se sinta impelido a dar a sua opinião seja qual for a razão. (Apesar de achar que a universalidade do sentimento tal como é, não passa de uma utopia agradável na qual nos faz tão bem acreditar, porque a linguagem é ainda rudimentar na descrição, e dá-nos a falsa ideia de generalização do que só a nós nos pertence. É na parcialidade que nos entendemos, mas que isso não seja razão para cessarmos a busca pela totalidade da compreensão. Não que esta seja absolutamente necessária.) Poder sempre regressar ao arquivo criado ao longo dos tempos e obter reacções dos leitores, como um bónus pelo qual estarei sempre agradecido, são algumas das razões pelas quais mantenho este blogue.

2 comentários:

Cat disse...

Para além da tua escrita ser maravilhosa, sempre que venho aqui entro um bocadinho noutra cabeça que não a minha. É bom ler, sentir, ouvir, ver e comparar :)Espero que o fujiwave se mantenha durante muitos e muitos.

André C. disse...

Epá, fico muito feliz por dizeres isso. Obrigado! É sempre bom ter-te por aqui.