7.3.11

Ensaios de Paz

Perdido em pensamento questionei-me: é isto a paz? Ousei atirar uma resposta que agora não sinto. Foi esse o ponto de partida para a reflexão que se segue:

Sem querer cair no perigo de me achar detentor da verdade, de momento defino paz como sendo simultaneamente presença e ausência de tudo. A realidade é que para o efeito, de nada importa o verbo que só personaliza a sensação, essa, que em si comporta a multiplicidade de acepções.
Repousando também o pensamento na duração desse estado harmónico, se alguma vez o soubermos reconhecer em nós, é grande a tentação de alcunhar negativamente a felicidade daí resultante, de ensaio de paz, porque efémera. A paz, se só a imaginarmos com a componente da eternidade, torna-se utópica, e acreditamo-la inalcançável. Porém, admitir a felicidade temporária como paz incompleta, faz de ensaios de paz um termo esperançoso, que nos permite aceitar a omissão e a inconstância do estado, que não é por isso menos real ou possível. Antes faseado. 
Podemos não ser, mas estar felizes. Disso, alguma paz deve ser possível recolher.
Ou consolo.

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