No decorrer da explicação, o ancião descreveu o pássaro como sendo honesto. Meditei. Que queria ele dizer com honesto? Como pode um animal ser honesto? Sim, entendi a aplicação desta descrição tendo em conta o que se passava adiante, o pássaro era assim apelidado porque logo que comesse os grãos de milho espalhados previamente no solo, isto significava luz verde para a aldeia dar início à época de plantação com total confiança na decisão da ave. Um método comprovado na repetição de anos de sustento, por gerações e gerações. Ainda assim, a dúvida permanece: será possível a honestidade numa ave, pura e simplesmente no emprego do instinto? Pode o animal fiel ao instinto como lhe exige a natureza, ser, por isso, descrito como honesto na mais simples das acções? Noutro plano, a felicidade de uma criança de tenra idade é tão apreciada porque na incapacidade de fingir, é transparente, logo real. Instinto e ingenuidade misturam-se nas respostas emocionais das crianças. A quem há muito o abandonou a ingenuidade, a presença de tal estado em outros, é tomada automaticamente como honestidade. Mas é também a possibilidade da honestidade sobreviver em nós e nos outros ao desaparecer da ingenuidade, algo pelo qual devemos estar gratos.
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