2.10.11

Hardcore Matinée


Aguardei que chegassem as filmagens e aqui estão elas. Por enquanto é o único vídeo. Uma coletânea de momentos do último concerto da tour europeia de For The Glory, no dia 25 de Setembro, no Revólver Bar em Cacilhas. Tocaram também Hard to Deal, For Ophelia´s Death, Cold Blooded e Grankapo com a intensidade a aumentar gradualmente. Mas foi em For The Glory que rebentou um caos como não via há uns tempos. A iluminação do palco não era o suficiente para aclarar a zona do mosh pit (que a dada altura ocupou dois terços da sala) para as câmeras filmarem a totalidade da confusão, mas ainda assim dão um bom registo da coisa. 
Das outras bandas presentes gostei particularmente de For Ophelia´s Death e Grankapo, mas confesso que foi For The Glory que me fez sair de casa. Afinal de contas, foi uma tarde bem passada, um bom concerto e uma banda aparentemente satisfeita pela resposta do público.


Edit: cliquem aqui para uma outra perspectiva do concerto.

11 comentários:

. disse...

que inveja pá!!

já não se fazem matinées aqui há imenso tempo. a última que fui foi mesmo devil in me e, salvo erro, grankapo (ou steal your crown, já não me recordo), no Altar.

FTG nunca desaponta, não é? a survival of the fittest é para mim das músicas mais bem conseguidas dentro do género, incrível.

André C. disse...

Não desaponta não senhor. E deu para perceber que FTG “incendeia” os locais por onde passa.

Notei também que estes tipos se distinguem, não só pelo bom som, mas também pela maneira como fazem questão de envolver o ambiente de uma certa irmandade, a tal hardcore brotherhood, que em alguns casos se perde no meio da agressividade. E apesar dos esforços, há em todo o lado um ou dois marmelos no público claramente mal intencionados, cuja única razão para estarem no mosh pit parece ser para ver quem cerra os punhos com mais força. O mosh não é suposto ser agradável aos ossos, mas há uma diferença clara entre diversão e violência despropositada. Nutro um certo nojo por esse pessoal. Felizmente não parece ser a maioria. (Tinha de tirar isto do sistema :P…)

Voltando ao importante, FTG é mesmo incrível e ainda dá boa fama ao hardcore português. No seguimento da conversa lanço mais um tema para a mesa. O que achas que vai acontecer ao hardcore português? Vai haver revivalismo, ou está condenado ao esquecimento progressivo?
(sempre quis saber a tua opinião sobre isto)

. disse...

há 2 bandas particularmente activas em portugal que criam esse espírito, os FTG e os devil in me (DIM).
o espírito do hardcore, para mim, sempre foi essa irmandade e respeito. sentir mesmo o arrepio nas costas quando a malta canta em uníssono e fazem o pig pile lá à frente. cá fora podem andar à estalada, mas lá dentro são irmãos.
chateia-me a moda dos roundhouse kicks e essa palhaçada que anda lá ao murro. tal como as walls of death e afins.

circle pit tem a união. todos do mesmo lado, todos se levantam uns aos outros.

muita desta malta nova (infra 23) tem falta da "teoria" do hardcore, chegam lá porque é música pesada e rebelde. é muito mais que isso, e não basta usar calças largas ou camisas à lenhador e um boné de lado, ou tshirts dos madball.

acima de tudo há que lhes ensinar e mostrar como tudo começou.

panorama nacional: como em tudo, a internet favoreceu imenso o hardcore, e nos últimos 3 ou 4 anos houve uma injecção de sangue novo fortíssima. "terriolas" como viana do castelo já têm 4 ou 5 bandas com qualidade (os death will come, inclusive, foram tocar ao ressurrection este ano). as bandas mais antigas, como 31, last hope, OGR e outras tantas desapareceram ou ficaram em banho maria, mas em contrapartida nasceram imensas.

resumindo... hardcore still lives. finalmente saiu de lisboa e espalhou-se pelo país, e está a crescer =) =) =) =)

André C. disse...

Concordo contigo e não me ocorreu esse “pequeno” pormenor da internet.

Como em tudo há fases mais áureas do que outras, ou de aparente estagnação. Mas também ninguém pode dizer que a “cena” já morreu, embora entenda porque muitos pensam dessa maneira. Afinal, este tipo de música pede uma maior iniciativa própria na busca de novas bandas, por comparação com outros géneros mais comerciais. Trabalho a que muitos não se dão.

Que germinem por aí mais bandas!

Depois deste concerto tomei a decisão de andar mais atento a novas formações, e pus-me à busca de sites/blogs com informação actualizada. Encontrei o 4 The Kids (www.4-thekids.blogspot.com) que até não parece mau de todo, e costuma dar destaque a bandas nacionais.
Talvez já conheças. Se não, fica aí a dica.

ps: não conhecia Death Will Come. estou a gostar do que estou a ouvir.

. disse...

houve uma altura em que quase se podia dizer isso, que a cena morreu. lembro-me de um amigo que foi a nova iorque há uns anos, ao visitar lojas de discos em brooklyn ficou estupefacto por não haver nada de hardcore. perguntou ao dono e ele disse-lhe algo como "good times dude... you should've been here 10 years ago".

agora não, está viva e bem viva. a internet, a proliferação de bares de concertos, as tatuagens e a chegada do skate às cidades mais pequenas fizeram renascer tudo de novo.

com falta da "teoria", claro. quebrou-se o elo de ligação entre o old school e new school, como se tivesse saltado uma geração. a malta chegou ao hardcore não porque lhes mostraram, mas porque o descobriram sozinhos.

conheço o 4 the kids e sigo-o no reader. tenta também o ponto alternativo, que é mais abrangente mas nunca se esquece do hardcore.
o problema dos blogs e afins só de hardcore é que - e tu vais sentir isso de certeza - são limitados na escrita.

portugueses, procura também the walking dead, mr. miyagi, steal your crown, cape of no hope, solid e EAK (estes últimos saídos da heart gallery tattoo, aqui no porto)

e noutro registo dir-te-ia para ouvires satan's revolver com uma garrafa de whisky ao lado. =)

. disse...

http://antitude.blogspot.com/2010/12/never-backdown-on-your-own-2010.html

já agora ouve estes. é muito bom.

André C. disse...

seria realmente uma pena assistir à morte disto.

“o problema dos blogs e afins só de hardcore é que - e tu vais sentir isso de certeza - são limitados na escrita.” yup, já senti isso. mas não me chateia muito porque já me contento em encontrar um blog destes com actualizações recentes. a maioria está às aranhas. se bem que era ouro encontrar por aí um site oficial português, bem escrito, dedicado ao hardcore/metal e a variações do género.

o ponto alternativo passou a constar nos favoritos ;)

agora as bandas: “Mr. Miyagi” tive oportunidade de vê-los este ano. gosto, mas não faço questão de ouvir muitas vezes. “The Walking Dead” (diz no myspace deles que são de “Viana do Castigo” ahaha esta é nova para mim) parece ter influências de blues e stroner rock. adoro. “Steal your Crown”, até parecia mal se não conhecesse isto :) “Cape of no Hope” e “EAK” estão aprovados. “Solid” fucking awesome. “Satan´s Revolver” fucking awesome #2. e com “Never Backdown” concluo que o Norte tem bandas muito promissoras.

Muito agradecido pelas sugestões.

André C. disse...

só faço uma crítica geral a algumas das bandas mais recentes de hardcore: gostava de ouvir uma maior amplitude vocal. parece demasiado focada em notas mais altas. talvez seja mais complicado para aquelas que têm uma vertente mais punk, mas nas outras, queria ouvir mais graves à mistura.

André C. disse...

mas no fundo isto resume-se a um ponto de vista pessoal. haverá outras opiniões.

. disse...

o tipo que me deu a conhecer o hardcore disse-me uma vez, que à medida que a idade avança passamos a gostar mais de perceber o que eles dizem e menos de berros.

e à medida que os anos passam dou-lhe mais razão ;)

André C. disse...

boa maneira de expor a coisa. eu, que ainda ninguém me chama de velho, já sou forçado a concordar com o tipo.

“punk isn´t dead… it just goes to bed at a more reasonable hour” :P